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terça-feira, 29 de janeiro de 2013


Com limitações, Ronda terá o apoio da Guarda

29.01.2013

Em enquete do Diário do Nordeste, só 14% dos internautas avaliaram o trabalho da Polícia Comunitária como ´bom´

Insegurança. Esse é o sentimento que toma conta, hoje, da maioria da população. Mas, como minimizar essa sensação? Observando as limitações e os atuais desafios enfrentados pelo programa do Ronda do Quarteirão nos bairros, o major Paulo de Lima, diretor da Guarda Municipal, anuncia novas medidas de reforço ao trabalho da Polícia Militar, entre elas, a criação de pelotões de inspetoria que ocuparão espaços públicos em todas as sete regionais de Fortaleza.


A ideia é que os policiais do Ronda do Quarteirão e a Guarda Municipal desempenhem um trabalho interligado. Segundo o major Paulo de Lima, será uma parceira, mas cada um com uma missão e delimitação Foto: Lucas de Menezes
A medida foi divulgada, ontem, após a publicação de reportagem no Diário do Nordeste ("Após 5 anos, Ronda do Quarteirão frustra e não reduz crimes") avaliando o trabalho do agrupamento comunitário. Excesso de demandas e dificuldade de apoio da população estaria, segundo denúncias, gerando ineficiência e críticas.

Para o major, o trabalho do Ronda e da Guarda tem que ser mais interligado. Um pode, sim, colaborar com a outra a fim de consolidar uma cultura de paz urbana. "A Guarda Municipal pode assumir compromisso de dar mais segurança aos espaços públicos, como praças, parques e lagoas. Podemos atuar também em situações de conflito, mediar tensão nos bairros quando houver brigas por conta de som alto", afirma o major.

O Programa Inspetor Cidadão contará com 30 guardas que ficarão em cabines fixas nas principais praças dos bairros. "Estamos redistribuindo efetivos e dando prioridade para espaços com maiores demandas. Queremos tirar cada vez mais a insegurança da população e garantir que possam usufruir da cidade".

Além dos inspetores em cada uma das sete regionais, a Guarda terá um novo pelotão, composto de 30 homens, que fará trabalho de ciclopatrulhamento em áreas como a Beira-Mar e a Praia do Futuro. Hoje, terá início também, no Zoológico Sargento Prata, na Lagoa do Porangabussu e no Parque Rio Branco, atividades da Guarda Ambiental. "Queremos trabalhar em parceria com a Polícia, só que cada um com uma missão e delimitação".

E a expectativa por dias melhores, menos violentos, só cresce. Alvos constantes de críticas, as ações de políticas públicas de segurança do Ceará sempre geram repercussão. Um dia após a divulgação da reportagem, o Diário do Nordeste realizou enquete, ontem, nas redes sociais, perguntando sobre os índices de satisfação especificamente do Ronda.

Reprovação

De um total de 243 internautas, 48% classificaram o trabalho como "ruim", 38% como "regular" e apenas 14% "bom". Na opinião de Rose Araújo Sampaio, o Ronda "em si é bom, só falta mais preparo de alguns policiais". Para o leitor George Arraes, a ação estaria desaprovada "não por culpa dos policiais em si, mas projeto foi um fracasso".

O internauta Frank Neto resume: "sejamos francos, ruim com eles, pior sem eles". Luilson Mota parabeniza o Ronda e diz que a população "só vai dar valor o que tem quando perder". A reportagem tentou contato com o comando do Ronda e com a Secretaria da Segurança Pública, mas não cederam entrevista.

´A população tem que confiar para dar certo´
O consultor de segurança da Rede Globo e ex- integrante do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), Rodrigo Pimentel, analisou os cinco primeiros anos de instalação do Ronda do Quarteirão e foi enfático: "não há polícia de proximidade no Ceará. A população tem que confiar no policial para dar certo".

Conforme relato do Comando da Polícia Militar (PM-CE) divulgado, segunda-feira, na reportagem "Após 5 anos, Ronda do Quarteirão frustra e não reduz crimes", o principal desafio é a falta de apoio da população que, por receio, acaba não passando as informações. "Assim, a ação trava, não há aproximação e a operação acaba falhando", frisa o consultor.

Entretanto, em casos em que o trabalho de polícia comunitária não rendeu frutos - redução de crimes, aumento da sensação de segurança ou de denúncias - a solução não seria retroceder aos velhos modelos autoritários, mas, sim, insistir ainda mais na aproximação, usando novas estratégias. "Tivemos no Rio de Janeiro, por exemplo, algumas comunidades em que a pacificação errou. Apostamos em outras saídas, em ações culturais e de sociabilidade com o povo", afirma Pimentel. Para ele, no caso do Ceará, faltaria também maior boa vontade e persistência dos gestores. "O Ronda parece que perdeu seu rumo e está sendo mais polícia ostensiva que preventiva. Tem que mudar".

IVNA GIRÃOREPÓRTER 

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