Total de visualizações de página

domingo, 27 de janeiro de 2013

Presidente do Egito declara estado de emergência em três cidades

Publicidade
DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

O presidente do Egito, Mohamed Mursi, declarou neste domingo estado de emergência em três cidades: Suez, Port Said e Ismailia. O anúncio ocorre no quarto dia de confrontos na rua, que já mataram pelo menos 42 pessoas e agravam os problemas enfrentados por Mursi.
As medidas de emergência, que incluem um toque de recolher, serão aplicadas a partir deste domingo por um prazo de 30 dias, afirmou Mursi, em uma mensagem difundida pela televisão estatal.
Seis pessoas morreram e mais de 600 ficaram feridas hoje em atos de violência em Porto Said durante os funerais dos 31 mortos nos confrontos da véspera.
Durante o traslado dos falecidos da mesquita até o cemitério, foram ouvidos vários disparos de procedência desconhecida, o que provocou pânico entre multidão.
Os moradores que participavam no cortejo fúnebre ocuparam a rua principal da cidade. Os militares se posicionaram na cidade portuária para proteger os prédios públicos e outros lugares emblemáticos.
Alguns habitantes de Porto Said asseguram que as condenações à morte foram motivadas pelo desejo de evitar confrontos ainda mais graves com membros da torcida organizada do Al Ahly, que ameaçaram semear o caos se o veredicto não fosse suficientemente severo.
"É um veredicto político que sacrificou nossos filhos para evitar o caos. Nossos filhos são bodes expiatórios", afirmou um dos habitantes, Ashraf Sayed.

Khaled Desouki/AFP
ORG XMIT: KLD611 Egyptian protesters burn the Qatari flag in Cairo's Tahrir Square on January 27, 2013. Clashes killed at least 31 people in Egypt's Port Said as violence raged into the early hours in several cities including the capital following death sentences passed on 21 football fans after a riot. AFP PHOTO / KHALED DESOUKI
Manifestantes egípcios queimam a bandeira do Catar na praça Tahir, no Cairo, em mais um dia de movimentação
DECISÃO
Ontem, 31 pessoas morreram em Port Said, no Egito, durante protestos à decisão da Justiça de condenar à morte 21 acusados do massacre que deixou 74 mortos num jogo de futebol na cidade, em fevereiro de 2012.
O massacre em Port Said, que aconteceu durante um jogo entre as equipes Al Ahly e Al Masry, foi o maior em um estádio de futebol da história do Egito.
A tragédia de 2012 engrossou os protestos violentos contra a Junta Militar que, na época, governava o país após a queda do ditador Hosni Mubarak, em fevereiro de 2011.
Os confrontos de ontem aconteceram depois que familiares e amigos dos suspeitos do massacre tentaram invadir a prisão onde estavam os acusados, e houve uma reação violenta à repressão policial.
Segundo o diretor para os hospitais de Port Said, mais de 300 pessoas ficaram feridas nos enfrentamentos.
Os manifestantes chegaram a atacar a usina de energia da cidade e bloquearam, por um momento, as principais estradas de acesso à cidade. Ao menos dois postos policiais foram tomados.
O Exército foi chamado para tentar conter a violência na região do tribunal e garantir a segurança de "instalações vitais" em Port Said.
RECURSO
Os acusados pelo massacre poderão recorrer da decisão de condenação, que será enviada ao mufti (líder islâmico supremo) egípcio, que tem o poder para rejeitar ou respaldara decisão judicial.
Outros 52 acusados ainda serão julgados em 9 de março, incluindo três agentes de segurança suspeitos de envolvimento no massacre.
A sentença foi lida em clima tenso, pois torcedores do Al Ahly ameaçaram mais atos violentos se os suspeitos não fossem condenados à morte.
Eles também disseram que instalarão "o caos" se a pena não for cumprida.
O juiz pediu calma diversas vezes durante a leitura do veredicto e em outros momentos do julgamento.
Após a divulgação da decisão, as famílias dos mortos comemoraram. Um homem desmaiou e outros manifestantes choraram enquanto carregavam fotos de mortos na tragédia no estádio.
TRAGÉDIA
O massacre aconteceu em 1º de fevereiro de 2012, após uma partida em Port Said entre o Al Ahly, do Cairo, e o Al Masry, da cidade. Na ocasião, o time cairota perdia para o local por 3 a 1, quando centenas de torcedores do Al Masry invadiram o campo e lançaram pedras e garrafas contra torcedores do Al Ahly.
Pelo menos 74 pessoas morreram e centenas ficaram feridas. Nos dias seguintes à tragédia, mais 16 pessoas morreram em protestos no Cairo e em Suez.
Grupos de torcidas organizadas de ambos os times acusaram aliados de Mubarak de estarem infiltrados entre os torcedores para provocar o confronto.
A tragédia abalou os dois times e suas torcidas. O time do Al Ahly joga desde fevereiro com uma faixa preta amarrada na camisa em sinal de luto. O símbolo foi usado inclusive no jogo contra o Corinthians pelo Mundial de Clubes, em dezembro.
Fonte: Folha de SP

Nenhum comentário:

Postar um comentário