Presidente do Egito declara estado de emergência em três cidades
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DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS
As medidas de emergência, que incluem um toque de recolher, serão aplicadas a partir deste domingo por um prazo de 30 dias, afirmou Mursi, em uma mensagem difundida pela televisão estatal.
Seis pessoas morreram e mais de 600 ficaram feridas hoje em atos de violência em Porto Said durante os funerais dos 31 mortos nos confrontos da véspera.
Durante o traslado dos falecidos da mesquita até o cemitério, foram ouvidos vários disparos de procedência desconhecida, o que provocou pânico entre multidão.
Os moradores que participavam no cortejo fúnebre ocuparam a rua principal da cidade. Os militares se posicionaram na cidade portuária para proteger os prédios públicos e outros lugares emblemáticos.
Alguns habitantes de Porto Said asseguram que as condenações à morte foram motivadas pelo desejo de evitar confrontos ainda mais graves com membros da torcida organizada do Al Ahly, que ameaçaram semear o caos se o veredicto não fosse suficientemente severo.
"É um veredicto político que sacrificou nossos filhos para evitar o caos. Nossos filhos são bodes expiatórios", afirmou um dos habitantes, Ashraf Sayed.
Khaled Desouki/AFP | ||
Manifestantes egípcios queimam a bandeira do Catar na praça Tahir, no Cairo, em mais um dia de movimentação |
Ontem, 31 pessoas morreram em Port Said, no Egito, durante protestos à decisão da Justiça de condenar à morte 21 acusados do massacre que deixou 74 mortos num jogo de futebol na cidade, em fevereiro de 2012.
O massacre em Port Said, que aconteceu durante um jogo entre as equipes Al Ahly e Al Masry, foi o maior em um estádio de futebol da história do Egito.
A tragédia de 2012 engrossou os protestos violentos contra a Junta Militar que, na época, governava o país após a queda do ditador Hosni Mubarak, em fevereiro de 2011.
Os confrontos de ontem aconteceram depois que familiares e amigos dos suspeitos do massacre tentaram invadir a prisão onde estavam os acusados, e houve uma reação violenta à repressão policial.
Segundo o diretor para os hospitais de Port Said, mais de 300 pessoas ficaram feridas nos enfrentamentos.
Os manifestantes chegaram a atacar a usina de energia da cidade e bloquearam, por um momento, as principais estradas de acesso à cidade. Ao menos dois postos policiais foram tomados.
O Exército foi chamado para tentar conter a violência na região do tribunal e garantir a segurança de "instalações vitais" em Port Said.
RECURSO
Os acusados pelo massacre poderão recorrer da decisão de condenação, que será enviada ao mufti (líder islâmico supremo) egípcio, que tem o poder para rejeitar ou respaldara decisão judicial.
Outros 52 acusados ainda serão julgados em 9 de março, incluindo três agentes de segurança suspeitos de envolvimento no massacre.
A sentença foi lida em clima tenso, pois torcedores do Al Ahly ameaçaram mais atos violentos se os suspeitos não fossem condenados à morte.
Eles também disseram que instalarão "o caos" se a pena não for cumprida.
O juiz pediu calma diversas vezes durante a leitura do veredicto e em outros momentos do julgamento.
Após a divulgação da decisão, as famílias dos mortos comemoraram. Um homem desmaiou e outros manifestantes choraram enquanto carregavam fotos de mortos na tragédia no estádio.
TRAGÉDIA
O massacre aconteceu em 1º de fevereiro de 2012, após uma partida em Port Said entre o Al Ahly, do Cairo, e o Al Masry, da cidade. Na ocasião, o time cairota perdia para o local por 3 a 1, quando centenas de torcedores do Al Masry invadiram o campo e lançaram pedras e garrafas contra torcedores do Al Ahly.
Pelo menos 74 pessoas morreram e centenas ficaram feridas. Nos dias seguintes à tragédia, mais 16 pessoas morreram em protestos no Cairo e em Suez.
Grupos de torcidas organizadas de ambos os times acusaram aliados de Mubarak de estarem infiltrados entre os torcedores para provocar o confronto.
A tragédia abalou os dois times e suas torcidas. O time do Al Ahly joga desde fevereiro com uma faixa preta amarrada na camisa em sinal de luto. O símbolo foi usado inclusive no jogo contra o Corinthians pelo Mundial de Clubes, em dezembro.
Fonte: Folha de SP
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