O incêndio que vitimou centenas de pessoas em uma boate no Rio Grande do Sul é mais uma daquelas tragédias que comovem a todos. Pessoas saudáveis, com a vida inteira pela frente, de uma hora para a outra, perecem, deixando nos que ficam uma sensação de incredulidade.
A dor dos familiares desconcerta a gente, que engole seco ao ver as imagens e ao ler as notícias sobre o caso. De certa forma, as grandes catástrofes nos obrigam a contemplar a fragilidade da vida.
As primeiras informações dizem que a boate Kiss, onde ocorreu o trágico incêndio, não tinha alvará para funcionar.  O caso choca também pela soma de circunstâncias que a potencializaram. A falta de saídas de emergência adequadas e de extintores de incêndios, segundo relatos de sobreviventes, contribuíram para aumentar o desespero dos morreram queimados, pisoteados e asfixiados tentando escapar do fogo e da fumaça que se alastraram rapidamente no local.
Evidentemente, é preciso aguardar o inquérito para apurar as devidas responsabilidades. De qualquer forma, casos assim nos fazem pensar. Como é feita a fiscalização nesses estabelecimentos? A cobrança de IPTU nunca falha, por que o mesmo não acontece com as medidas de prevenção? O Corpo de Bombeiros tem condições de avaliá-los? Até onde sei, a instituição sofre com carências absurdas.
O Brasil vive o absurdo obsceno de contar 50 mil vítimas de homicídios e 40 mil mortos em acidentes de trânsito TODOS OS ANOS. De alguma forma, nos acostumamos a isso, afinal, são casos diluídos no tempo e no espaço. Mas com as grandes tragédias é diferente. Essas têm o poder de nos perturbar, por mostrar, na marra, diante do choro de centenas de famílias, o quanto é valiosa a vida, o quanto é importante preservá-la.
Quando o assunto é a segurança das pessoas, o exagero nunca é demais. Riscos devem sempre ser medidos, possibilidades devem ser cogitadas e negligências punidas severamente ANTES que as tragédias aconteçam. O preço de uma vida não pode ser o da imprevidência generalizada.