Clínicas conveniadas ao SUS que oferecem o tratamento ainda aguardam pagamento de novembro de 2012Em
Fortaleza, mais de 1,6 mil pessoas com doenças renais dependem de
hemodiálise para sobreviver. Mas, devido à falta de pagamento referente
ao mês de novembro de 2012 para as clínicas conveniadas ao Sistema Único
de Saúde (SUS) - que fazem esses procedimentos - os pacientes podem
ficar sem o tratamento a qualquer momento.
Conforme o presidente da Associação dos Pacientes Renais do Ceará, as
clínicas já deixaram de receber R$ 3 milhões e passam por delicada
situação financeira. Os recursos são do governo federal, mas repassados
pela PrefeituraOs locais onde estas pessoas fazem as
hemodiálises recebem o dinheiro da Prefeitura que, por sua vez, apenas
repassa a quantia vinda do Ministério da Saúde. No entanto, os valores
transferidos pelo governo federal em novembro de 2012 não chegaram às
unidades da Capital.
Segundo o presidente da Associação dos
Pacientes Renais do Ceará (Asprece), Sebastião Sobreira, que também
precisa de hemodiálise, o montante que as unidades deixaram de receber
chega aos R$ 3 milhões. "Todos os pacientes estão temerosos porque essas
clínicas são conveniadas ao SUS, e um dia, elas podem deixar de nos
receber devido à falta de pagamento".
Ele acrescentou que, sem a
assistência do SUS, a vida dessas 1,6 mil pessoas ficaria em risco,
principalmente porque o tratamento é caro: são R$ 179 por sessão, além
dos vários tipos de medicamentos e exames necessários diariamente.
"Quem
está passando pela hemodiálise pode até perder uma sessão, mas se ele
deixar passar duas ou mais, é certeza de óbito. Por isso, ficamos com
medo dessa falta do repasse", afirmou o presidente.
Sobreira
explicou que, mesmo sem receber o dinheiro, as clínicas ainda precisam
comprar os materiais necessários para atender aos pacientes. Com isso,
elas acabam passando por uma delicada situação financeira. "Nesses
locais, o nosso tratamento é de primeira qualidade", ressalta ele.
Em
busca de uma solução, comentou o presidente da Asprece, a promotora de
Justiça de Defesa da Saúde Pública, Isabel Porto, foi procurada. Então, a
Prefeitura assumiu, perante a Promotoria, o compromisso de quitar o
débito no último dia 10. Porém, isso não aconteceu e foi pedido uma
prorrogação até o dia 20 e, mais uma vez, o compromisso não foi honrado.
Solução
Após
conseguir contato, na última semana, com deputados federais, Sobreira
acredita que eles vão ajudar a encontrar uma solução para o problema.
"Acreditamos nos novos gestores. Sendo assim, tenho a esperança que tudo
será resolvido, e ninguém será prejudicado", concluiu.
Até o
fechamento desta edição, a equipe de reportagem tentou contato com a
assessoria de comunicação da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), mas
não obteve sucesso.
Preocupação"Quem está passando pela hemodiálise pode até perder uma sessão, mas se ele deixar passar duas ou mais, é certeza de óbito"
Sebastião Sobreira
Presidente da AspreceFIQUE POR DENTRO
Procedimento substitui a função dos rinsA
hemodiálise é um procedimento artificial de filtração sangüínea, que
emprega como método-base a diálise. Trata-se de uma opção de tratamento
para pacientes portadores de insuficiência renal aguda ou crônica,
substituindo a função dos rins.
São conhecidos também como
métodos de tratamento o transplante renal e a diálise peritonial. Por
meio da diálise, são retiradas da corrente sanguínea todas as
substâncias tóxicas e prejudiciais ao organismo, como a creatina e a
ureia.
Cada sessão convencional de hemodiálise dura, em média, quatro horas.
THIAGO ROCHA
REPÓRTER