CONTROLE EMOCIONAL E PRECISÃO NA MIRA: PROJETO DA UFC PODE AUXILIAR NO TREINAMENTO DE POLICIAIS
Um
lugar em que os policiais são bem preparados, realizando abordagens
precisas e priorizando a vida das vítimas. Tudo sem erro e sem morte.
Quem não gostaria de viver com essa segurança? Esse é o objetivo do Grupo de Pesquisa de Computação Gráfica, Realidade Virtual e Animação (CRAB) do Departamento de Computação da Universidade Federal do Ceará (UFC).
O grupo desenvolveu um protótipo, chamado de Estande Virtual de Técnicas Operacionais,
com a finalidade de auxiliar no treinamento de policiais, não só na
capacidade de acertar um alvo com tiros, mas na questão da abordagem e
no controle emocional. “De acordo com as pesquisas, ele não substitui [a
simulação real], mas contribui bastante para treinamento dos
policiais”, considera o professor George Gomes, um dos coordenadores do
grupo.
O
sistema é um dos primeiros simuladores de tiros desenvolvidos no Brasil
para treinamento da segurança pública. O desenvolvimento do projeto
teve como parceiro a Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento
Científico e Tecnológico (Funcap), destinando-o à Academia Estadual de
Segurança Pública (AESP).
Treinamento de policiais
Segundo
o coordenador do Laboratório de Estudos da Violência (LEV), César
Barreira, o sistema auxiliaria e muito o treinamento de policiais.
“Quando eu era diretor [da AESP], colocamos ao máximo para frente esse
projeto. Valorizamos muito no meu tempo, pois o tiro virtual não só
barateia os custos do tiro em si, que para treinar é caro, mas
possibilita um leque maior de cenários”, considerou.
Para George Gomes, o sistema deveria ser utilizado antes da simulação real. Dessa forma, o policial saberia o movimento que faz antes e depois de atirar,
para uma auto avaliação. Além disso, a possibilidade de customizar,
inserindo vídeos pessoais, até com atuações do Ronda do Quarteirão,
potencializa a funcionalidade do sistema.
De
acordo com o diretor geral da AESP, coronel John Roosevelt Rogério de
Alencar, o sistema é importante, pois ajuda ao profissional atirar com
consciência e ter melhor preparo emocional, já que vivenciou uma
situação semelhante, mesmo que virtual. “Além do repasse do conhecimento
técnico científico, é importante a valorização profissional a fim de
que possamos alcançar os resultado operacionais satisfatórios de
enfrentamento à violência social”, disse.
Idealização do projeto
Tudo
começou com um interesse da Secretaria de Segurança Pública e Defesa
Social em um simulador de tiros americano que a academia de polícia de
Manuas havia comprado. De acordo com um dos idealizadores do projeto
professor Creto Vidal, tal treinamento já acontece em outros lugares do
mundo, principalmente nos Estados Unidos e em Israel.
“O
Tarcísio Pequeno, presidente da Funcap, sabendo do interesse da SSPDS,
ficou interessado em que pesquisas no Ceará pudessem gerar empresas e
recursos para o estado. Como ele já foi do departamento de Computação da
UFC, ele conversou com o pessoal da SSPDS e sugeriu que a secretaria
desenvolvesse com a gente. Nós fomos a Manuas ver o sistema da polícia.
Fomos, experimentamos…”, contou.
Mal
preparavam o relatório e checavam as possibilidades do projeto, um
empecilho surgiu. “O problema é que os filmes eram em inglês, os
comandos em inglês. Isso ai é terrível para o treinamento do policial. E
após treinar várias vezes, o cara memorizava aquilo e ficava ruim”,
disse. Mesmo assim, um grupo de professores se reuniu para desenvolver o
sistema.
Com
a ajuda do coronel aposentado da Marinha Fernando Lessa, que acompanhou
o desenvolvimento, o protótipo foi evoluindo, sendo patrocinado por um
período de dois anos. De acordo com o professor George, o sistema está
em fase final, atualmente. Além disso, há um interesse da empresa
cearense Fujitec em comercializar o produto final.
Testando
Com
três telas de projeção (2,4 metros x 1,8 metros), que apresentam ações
do cotidiano, os policiais observam o momento adequado para o tiro e, ao
disparo, acionam marcas em laser na tela. O sistema registra cada ação
e, ao final, emite um relatório para avaliação do desempenho dos alunos.
Confira:
A
forma inovadora e interativa de treinamento ainda beneficia o
aperfeiçoamento da pesquisa brasileira na área, já que o CRAB tem
interesse de aprimorar o projeto a partir dos resultados e observações
obtidas pela AESP e, junto com empresas parceiras, comercializar o
produto.
Dentre as maiores dificuldades, o professor George cita a falta de prática em mexer com hardware.
“Sabíamos fazer o software, mas tivemos que mexer com hardware, com
sistema de captura laser. Experimentamos lasers e deu um trabalho muito
grande. Foi quase um ano para achar um sistema de captura ideal”,
relembrou.
Além
disso, outro problema que dificultou o progresso da pesquisa foi o
rodízio de pessoas inseridas no trabalho, tendo que treinar sempre
aqueles que iniciavam na pesquisa já em curso. “O fato de estar na
universidade dificulta, porque não podemos contar com profissionais, mas
com bolsistas e há uma rotatividade”, considerou.
Implementação
De
acordo com o coronel John Roosevelt, ainda não há data precisa para a
implementação do sistema. “Já temos o Termo de Cooperação Técnica, que
vai ser encaminhado logo para a assinatura do reitor da UFC”, explicou.
Com o termo assinado, a universidade passa a ceder o projeto para a
academia.
Quanto
à implementação do sistema, coronel Alencar afirmou que ele será usada
de forma complementar no treinamento. Além disso, tantos o profissionais
que em formação inicial quanto aqueles que voltam à AESP para curso de
ascensão profissional terão treinamento de tiro virtual.
Segundo
o diretor da AESP, a Assessoria de Pesquisa e Inovação juntamente com a
Célula de Práticas e Atividades Educacionais vão realizar um
acompanhamento maior com o sistema.
FONTE: JANGADEIRO
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