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terça-feira, 2 de julho de 2013

COPA DO MUNDO


COPA DO MUNDO

Tá quente, tá frio

02.07.2013
Seleções europeias reclamam do calor e podem sofrer com a variação climática brasileira em 2

Jogador vomitando no intervalo, atleta com náuseas, padrão de jogo mais lento, times "pregados" no gramado já no fim do primeiro tempo. A Copa das Confederações foi um teste também para as seleções europeias sentirem um pouco do clima quente do Nordeste brasileiro no mês de junho, o mesmo o qual terão de enfrentar no Mundial de 2014.

Decisão do terceiro lugar foi disputada às 13h, em Salvador
FOTO: REUTERS


No próximo ano, o problema será hiperbolizado. Enquanto a Copa das Confederações teve seis sedes e variação máxima de 16ºC entre as temperaturas mínima e máxima de Belo Horizonte e Fortaleza (as sedes mais fria e mais quente, respectivamente), a Copa de 2014 verá um diferença ainda maior.

Com a entrada de cidades de inverno rigoroso no meio do ano, como Porto Alegre e Curitiba, e outras de clima quente e seco, como Cuiabá, ou úmido, como Manaus, esse choque térmico será ainda maior.

Para se ter uma ideia, os times sorteados na posição 4 dos grupos B e E da Copa do Mundo poderão sairão de uma temperatura média de 31º C em Cuiabá para 9ºC em Porto Alegre, em um intervalo de apenas cinco dias.

Os horários previstos na tabela do Mundial, para adequar os jogos aos interesses da TV europeia, também são outro ingrediente de fazer suar ou bater queixo. Nada menos do que 24 partidas ocorrerão às 13h locais.

Dez cidades, entre elas Fortaleza, terão jogos nesse horário. No caso da capital cearense, essa partida ocorrerá no dia 29 de junho e será válida pelas oitavas de final. Caso se classifique em segundo lugar, a própria Seleção Brasileira será a vítima.

Na Copa das Confederações, italianos e uruguaios já tiveram a experiência de jogar nesse horário e, pelo menos, os europeus não aprovaram. O goleiro Buffon foi irônico ao falar sobre o assunto: "Foi bom, é um horário inteligente para se jogar".

"Na Copa vamos ter de melhorar a condição física. Só queremos que a organização garanta as mesmas condições de descanso para todas as seleções", disse o técnico italiano Cesare Prandelli, após levar o terceiro lugar.

As únicas duas cidades que não terão jogos às 13h, Manaus e Cuiabá, chegarão a ter partidas às 15h e às 16h, respectivamente, horário em que o clima ainda é muito quente.

Que o diga a Espanha, que sentiu o Sol das 16h em Fortaleza, contra a Nigéria e a Itália. No primeiro jogo, Fábregas vomitou e Busquets sentiu náuseas. O clima influiu no rendimento da equipe. "O calor nos obrigou a mudar o ritmo, não recuperar tão rápido a bola", disse o técnico da Fúria, Vicente del Bosque.

Umidade

A umidade de 66% no dia do jogo contra a Itália foi outro fator que arrefeceu os espanhóis. "A umidade daqui é impressionante", reclamou Del Bosque, completado pelo meia Juan Mata, que afirmou que a Fúria não está acostumada a essas condições.

De acordo com o membro da Academia Brasileira de Treinadores e do Conselho Regional de Educação Física da 5ª Região, Michel Rodney Lourenço de Souza, "vivemos em um ambiente de alto risco para a prática do exercício físico. Quando a temperatura é superior a 28ºC, o atleta pode ter sérios problemas".

Segundo ele explica, o calor diminui a capacidade de o atleta desenvolver um alto rendimento, mas o índice de umidade aqui não é tão preocupante quanto em Manaus. "Lá, além do calor, a umidade prejudica na evaporação do suor, uma vez que o ambiente é altamente úmido", diz.

SAIBA MAIS
Jogo de risco
Para o fisiologista Michel Rodney Lourenço, uma partida às 13h, em Fortaleza, na Copa de 2014, "é um jogo de alto risco, principalmente pela ventilação deficitária do Castelão". Segundo ele, a hidratação e até a escolha da cor do uniforme podem afetar o desempenho

Pior saindo do quenteO especialista alerta: sair de um ambiente frio para um quente é menos grave que o contrário. "Neste fluxo, o atleta desidratou menos e deve estar melhor condicionado para jogar no calor. Quando o deslocamento é inverso, o desgaste no ambiente quente pode ser crucial no rendimento na partida seguinte"

Mais umUma das semifinais pode mudar para às 13h, por decisão da Fifa. A medida é estudada para garantir que as seleções finalistas tenham igual tempo de preparação até a decisão

Fisiologistas alertam sobre os riscos para os atletas
Os fisiologistas de dois clubes locais, Ceará e Fortaleza, alertam sobre os riscos aos quais os jogadores se submetem ao atuarem, em um curto espaço de tempo, em ambientes de temperaturas e umidades tão díspares.

O meia espanhol Césc Fábregas sentiu os efeitos do forte calor e da umidade de Fortaleza no duelo da Espanha contra a Nigéria, pela Copa das Confederações, e acabou vomitando no intervalo da partida FOTO: KID JÚNIOR

O fisiologista do Ceará, Lucas Oaks, ressalta que o pequeno intervalo entre um jogo e outro prejudica a aclimatação dos atletas. "Quando as equipes jogam em ambientes onde há grande variação de temperatura, é preciso ter cuidado, com a hipertermia e com a desidratação. Como não há possibilidade de as equipes se aclimatarem uma semana antes do jogo, se adaptando fisiologicamente à exposição do organismo neste ambiente, é preciso cuidado extra com a hidratação. Na decisão do terceiro lugar, entre Uruguai e Itália, havia a cada 20 metros uma garrafinha de água para reidratar os atletas. Outra saída é dosar a carga dos treinos e descansá-los".

Para Oaks, a exposição a temperaturas e umidades tão diferentes pode causar lesões. "O tempo de recuperação entre um jogo e outro é prejudicado. O curto período de tempo e as longas viagens fazem com que o organismo não se recupere de micro-lesões, podendo gerar uma lesão muscular por fadiga ou por não conseguir retirar por completo processos inflamatórios. Com o desgaste altíssimo, as lesões são comuns, como vimos acontecer com Pirlo e Balotelli, da Itália. O que as equipes sofreram na Copa das Confederações e sofrerão na Copa do Mundo, nós sofremos durante o Campeonato Brasileiro", cita.

Uma semana

O fisiologista do Fortaleza, Rodrigues Neto, concorda com Oaks, quando diz que os jogadores necessitam de pelo menos uma semana treinando no local de clima diferente ao seu para poder haver a aclimatação. "O que houve nessa Copa das Confederações é que os atletas faziam um treino de reconhecimento e em seguida era o jogo", criticou (colaboraram Vladimir Marques e Ivan Bezerra).

´Copa de 2014 terá ingresso mais barato da história´

O secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, anunciou ontem que a Copa do Mundo de 2014 terá os ingressos mais baratos da história da competição.

Segundo na hierarquia da entidade, o cartola francês disse que 70% dos bilhetes do torneio terão o preço mais em conta do que os últimos Mundiais. O desconto não vai contemplar a abertura do torneio e os jogos das fases finais.

A Fifa pretendia anunciar ontem o valor dos ingressos para o Mundial. A divulgação foi adiada para o dia 19.

O barateamento dos preços dos ingressos é uma tentativa do governo de reduzir a oposição da população ao Mundial. Executivos da Fifa ficaram assustados com as manifestações pelas ruas no país no mês passado. "A Copa do Brasil terá o ingresso mais barato da história. Setenta por cento dos ingressos serão realmente baratos", disse Valcke.

Avaliação
Assim como o presidente da Fifa, Joseph Blatter, Valcke não quis dar uma nota para a organização da Copa das Confederações. "Essa não é uma tarefa minha. Não sou o senhor Blatter", afirmou o dirigente.

Em 2007, de acordo com a Folha de S. Paulo, Valcke trabalhou na vitoriosa candidatura brasileira para ser sede da Copa de 2014. O cartola francês atuou como consultor da campanha brasileira para receber o Mundial do ano que vem.

Na época em que trabalhou na candidatura do Brasil, o executivo havia perdido o emprego na Fifa. Ele era diretor de marketing e TV da federação.

Ele recebeu US$ 100 mil dos brasileiros pelos serviços de consultoria e trabalhou para o órgão na época comandado por Ricardo Teixeira até ser nomeado secretário-geral da entidade, em junho de 2007.

ÍCARO JOATHAN/EDUARDO BUCHHOLZSubeditor / Repórter

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