HOMEM FURA BLITZ E É MORTO POR PM EM PARACURU
Um
jovem de 25 anos foi morto com um tiro disparado por um cabo da Polícia
Militar, na tarde do último sábado. A vítima estava em um carro que
desviou de uma blitz no município de Paracuru, a 88 quilômetros de
Fortaleza. O motorista Darlan de Castro Silva foi baleado nas costas.
Ele estava no banco traseiro do veículo. Segundo a Polícia, o militar
alega que o disparo foi acidental.
De
acordo com o relato de testemunhas, Darlan seguia com outras três
pessoas em um carro modelo C3, da marca Citroën. O grupo estava
participando de um churrasco e havia saído para comprar carnes e
bebidas. O amigo Gerardo Magalhães, que estava ao lado de Darlan no
banco traseiro, conta que, ao avistarem a blitz, decidiram fazer um
retorno, antes de passar pela barreira.
Charles
Freitas, amigo de Darlan que conduzia o veículo, diz que decidiu
retornar antes de passar pela blitz porque estava sem os documentos do
veículo, que pertence a uma tia dele. O desvio seria para pegar os
documentos e, em seguida, continuar o trajeto.
O policial militar está detido no 5º Batalhão da PM, no bairro José Bonifácio |
Os
amigos afirmam não terem notado que estavam sendo perseguidos por
policiais. “Peguei uma estrada de piçarra. Depois de uns 10 ou 15
minutos, fui desviar de uma poça d’água e ouvi um tiro. Quando olhamos
para trás, vi o policial, que me abordou com uma arma na cabeça,
perguntando se a gente queria fugir. Nem sabia ainda que o tiro tinha
acertado o meu amigo”, detalha Charles.
De
acordo com informações da Delegacia de Paracuru, o tiro disparado pelo
policial acertou a carroceria do C3, perfurou o banco traseiro e atingiu
as costas de Darlan. Ele foi socorrido pelos amigos no próprio veículo,
mas já chegou sem vida ao hospital. “O policial não fez nada, foi
embora não sei pra onde, nem chamou socorro”, denuncia Gerardo
Magalhães.
Conforme
o capitão Isaac Rodrigues do Nascimento, comandante da 2ª Companhia do
11º Batalhão da PM, sediada em Paracuru, o cabo autor do disparo alegou
que o carro desviou da blitz e houve perseguição. Ainda segundo o
capitão, dois policiais em duas motos passaram a seguir o carro, até que
um dos policiais não conseguiu alcançar o primeiro motociclista e ficou
para trás.
“O
policial contou que fez um disparo de advertência para o alto. Em um
segundo momento, o carro parou em estrada carroçal, enlameada. O
policial disse que estacionou a moto e caiu (junto com o veículo). A
arma disparou e pegou nas costas do jovem”, diz o capitão.
O
comandante informa ainda que o cabo se apresentou de forma espontânea
na Delegacia Regional de Itapipoca, onde prestou depoimento. Ele foi
submetido a recolhimento transitório e está detido no 5º Batalhão da
Polícia Militar, em Fortaleza.
“Querido e trabalhador”
Darlan
era casado e pai de uma menina de seis anos. O pai dele, Francisco
Antônio da Silva, 58 anos, conta que o filho era muito conhecido na
cidade e querido por todos. Ele trabalhava como motorista em um depósito
de materiais de construção no município. “Meu filho era um trabalhador,
um menino direito. Não tinha quem não gostasse dele. Esse policial
acabou com a minha vida e da minha mulher”, lamentou, emocionado.
Onde
ENTENDA A NOTÍCIA
No
município de Paracuru, a 88 quilômetros de Fortaleza, jovem morreu por
tiro disparado por policial militar. Incidente ocorreu após carro em que
vítima estava desviar de blitz. O PM alega que tiro foi disparado
acidentalmente.
Saiba mais
O cabo autor do disparo não teve o nome divulgado pela Polícia Militar.
O capitão Isaac
Rodrigues do Nascimento, comandante da 2ª Companhia do 11º Batalhão da
Polícia Militar, disse que o policial era lotado em Paracuru há cerca de
cinco anos.
A arma e a motocicleta do policial foram apreendidas e passarão por perícia.
O capitão Isaac
disse ainda que todos os policiais que estavam na blitz asseguraram que
houve perseguição policial porque os ocupantes do carro fugiram da
barreira.
A blitz estava montada na entrada da cidade de Paracuru. O disparo ao jovem aconteceu na localidade de Boi Morto, segundo a Polícia.
O pai de Darlan,
Francisco Antônio, informou que o filho, a esposa dele e a neta de seis
anos estavam morando com ele. Darlan estava terminando uma casa para
morar com a esposa e a filha. “Ele não teve nem gosto de morar na
casinha dele”, lamentou o pai.
Darlan, que
nasceu e vivia em Paracuru, foi sepultado na tarde de ontem, no
cemitério da cidade. “Muita gente compareceu”, disse o pai do jovem.
Fonte: O POVO
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