A TENSÃO PRÉ-UPP (UNIDADE DE POLÍCIA PACIFICADORA)
“Pacificação”
é o termo utilizado pelo governo do Rio de Janeiro para a “tomada”
territorial das favelas cariocas com posterior instalação das Unidades
de Polícia Pacificadora, as UPP’s. O termo, com forte apelo
publicitário, pressupõe a amenização dos problemas de insegurança
vividos pela comunidade que recepciona o equipamento governamental, já
que, em teoria, a polícia chega com todas as condições para evitar que
organizações criminosas permaneçam subjugando as comunidades. Em teoria.
Na prática, sabe-se que a estrutura não é lá a necessária, e se, por um lado, vem deixando a desejar quanto à segurança dos policiais empregados nas unidades, por outro, ainda proporciona à população,
em alguns casos, práticas heterodoxas de uso da força policial, ligadas
a uma (i)lógica repressiva arbitrária que acaba submetendo os moradores
das favelas a desmandos e práticas invasivas.
Denúncias
de fatos deste tipo perpetrados por policiais têm ocorrido
principalmente no momento em que as “forças de ocupação” começam a agir
visando prender criminosos e apreender drogas e armas da comunidade a
ser pacificada:
é como se a favela fosse “limpa”, antes do policiamento da UPP ser
instalado. O problema é que esta ocupação tem gerado incômodo em muitos
moradores: não porque armas, drogas e criminosos são retirados de
circulação, mas porque, denunciam, sob a alegação de ocupar a
comunidade, as forças policiais têm excedido seus poderes legais,
invadindo domicílios, por exemplo. A situação chegou a tal ponto que
moradores da Maré, um complexo de favelas cariocas, tiveram que colar
adesivos com os seguintes dizeres nas portas de casa:
Nesta
quinta-feira (02/05), a casa de um reconhecido fotógrafo e mediador da
Maré (ganhador do prêmio Faz a Diferença) foi revirada por policiais das
forças de ocupação, chegando a ter sua câmera fotográfica lançada
dentro de um vaso sanitário. Se não há mandado de prisão, se o Bira não
estava cometendo crime em flagrante, e nenhum tipo de socorro foi dado a
alguém necessitado no interior de sua residência, o que justifica a
cena abaixo (pós-arrombamento da porta de sua casa)?
A
ação desmedida de alguns policiais tem gerado na população o que estão
chamando de “tensão pré-UPP”, ou seja, tensão pré-pacificação.
Paradoxal, não?
Como
disse anteriormente: acontecimentos como esse parecem demonstrar o
quanto o ‘espírito’ das polícias ainda está bem distante do apresentado
pela publicidade governamental. Nossas instituições ainda não têm
condições de sustentar projetos com referência na mediação democrática,
humanitária, cidadã. Aliás, os próprios policiais sequer são tratados
como tal, como sabemos. Triste, vergonhoso e absurdo.
Com informações e fotos de Silvia Ramos e Cecília Oliveira.
Via Abordgem Polícial
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